1º DE MAIO DIA INTERNACIONAL DE LUTA DOS TRABALHADORES
Nosso Primeiro de Maio
Homenageia a memória
Dos Mártires lá de Chicago
Que nos encheram de glória
Por lutar por mais direitos,
Fazendo parte da história.
Foi nos Estados Unidos
Na cidade de Chicago
Um pólo industrial
Onde máquina faz estrago
Extraindo do operário
O trabalho nunca pago.
Doze horas no trabalho
Era a jornada diária
A condição no emprego
Extremamente precária;
Na pobreza e na miséria
Vivia a classe operária.
Trabalhadores forçados,
A uma longa jornada.
Patrão sugava o sangue,
A sua força explorada
Capitalismo usurpando
Terra, trabalho, morada.
Tudo que é produzido
Cai no bolso do patrão
Pois a força de trabalho,
Baixa remuneração
Miséria e desemprego
É barbárie de montão.
Foi no século dezenove (1886)
No ano de oitenta e seis
Bem forte a greve geral,
Explode mais uma vez
Operários vão à cena
Foi maio escolhido o mês.
Os operários cansados
Da superexploração
Travaram dura batalha
Juntos foram para ação
Da jornada de trabalho
Desejavam redução.
Os patrões sempre sugaram
Extraindo a mais-valia
Salários são rebaixados
Como aposentadoria,
O descanso semanal
Chega a ser uma ironia.
Só oito horas por dia
Seria o suficiente
Por isso vão para as ruas
De forma bem consistente
Convictos de seu direito
Na luta seguiram em frente.
Diante de uma fábrica,
A polícia disparou.
Cinquenta foram os feridos
E meia dúzia tombou
Entre guardas repressores
Uma bomba estourou.
Soldados atordoados
Bala em manifestantes
Espancar, pisotear
Trabalhador, estudantes
Centenas morreram logo
Do lado dos caminhantes.
Com repressão da polícia,
Mortes, prisões e feridos
O sangue foi espalhado
Muitos gritos e gemidos
Trabalhadores tombaram
Com morte foram punidos.
Acusaram lutadores
Por ter matado soldado
Criminalizando a luta
Atacando um único lado
Impuseram à caça as bruxas
Usando a força do Estado.
Afirmaram que a polícia
Teve baixa em sua tropa
Colocam culpa na luta
Querendo cortar a copa
Justificaram o massacre
E as ruas o sangue ensopa.
A imprensa dessa época
Já era reacionária
Incentivou repressão
A toda classe operária
Encobrindo os ataques
Da polícia ordinária.
Chicago Times afirma
Que a saída é a prisão
E o trabalho forçado
Até última geração
Para questão social
É a única solução.
O New York Tribune
Defendia a força bruta,
Xingava o trabalhador,
Ameaçando sua luta
Estimula a repressão
Em cima de quem labuta.
O Massacre de Chicago
Sempre forte na lembrança
Simbolizando a luta
De quem tem a esperança
De que o Socialismo
Virá pra trazer bonança.
Como Mártires de Chicago,
Ficaram assim conhecidos,
No seu exemplo de luta
Jamais serão esquecidos
O seu caminho trilhado
São passos pra ser seguidos.
A frente dessa batalha
Oito foram condenados
Lutadores por justiça
Alguns até enforcados
A chama da grande luta
Acendeu com os executados.
Parsons, Engel e Fischer
Líderes desse movimento
Mais o Lingg e o Spies
Passaram por sofrimento
Deles, quatro foram à forca
Por um falso julgamento.
Fieldem e Schwab tiveram
Pena máxima na prisão
Neeb por quinze anos
Condenado a detenção
Processos foram forjados
Tudo invenção do patrão.
Cantando a sua luta
Naquele forte momento
Esses quatro firmemente
Mantiveram o firmamento
De que a luta operária
Vencerá o sofrimento.
Parsons faz o discurso,
Em prol do trabalhador:
“A farsa da patronal
Traz o sofrimento e dor
Que as forças sociais
Combatam o explorador.”
Diz que a propriedade
É privilégio de poucos
Com produto do trabalho
Burgueses ficam tão loucos
Fechados na fortaleza
Eles não ouvem, são moucos.
Spies em sua defesa
Falou no enforcamento
“Vocês pensam em destruir
Operário e o movimento
Apagaram uma faísca,
Segue o fogo em crescimento.”
“Estrangulam-nos agora,
Mas virá logo a sentença.
No poder do operário”
Jogamos a nossa crença
Na luta e no movimento
Queremos que o povo vença.
O Lingg suicidou-se
Não aguentou a pressão
Mais uns seis anos depois
Tudo teve anulação
E os três sobreviventes
Foram soltos da prisão.
As origens do Primeiro
De Maio teve o sangue
Derramando pelas ruas
Por burguês e sua gangue
Atiraram em todo mundo
Parecia um bang-bang.
Socialistas em Paris
Aprovaram no seu plano
Junto a Federação
Do Trabalho Americano
Que o Primeiro de Maio
Se celebre a cada ano.
O movimento operário,
É na luta pioneiro.
Celebra já do início
De Maio, o dia primeiro
Apresentando bandeiras
Ao povo do mundo inteiro.
No Brasil toda essa luta
Teve um eco profundo
Os lutadores daqui
Juntaram-se aos do mundo
Construíram forte ato
Contra o capital imundo.
Curitiba, POA, Santos,
São Paulo, Rio de Janeiro
Em todas essas cidades
Foi quem fizeram primeiro
A essa luta somou-se
O lutador brasileiro.
Daí Primeiro de Maio
É o dia de protesto
Em todo nosso planeta
A luta é o manifesto
Trabalhadores do mundo
É gente, não é o resto.
Dia Primeiro de Maio
É o símbolo de combate
Guerra a todos senhores
Para nunca dá empate
Derrotar suas políticas,
Pra que nunca mais nos mate.
Primeiro de Maio é
Feriado nacional
A burguesia propõe
Pra ser data oficial
Transformando esse dia
De festa com patronal.
Festa, sorteio e show
É o ato governista
Movimento independente
Deve ter ato classista
Marchando por todo mundo
É internacionalista.
Todas as centrais pelegas
CUT, FORÇA SINDICAL
Fazem suas megafestas
Com verba da patronal
Patrocínio de governos
Para o ato oficial.
Todo Primeiro de Maio
Dia do trabalhador
Todos devem ir às ruas
Pra mostrar o seu valor
Conquistando mais direitos,
Enfrentando o opressor.
Nesse Primeiro de Maio
Os operários franceses
Os afros e brasileiros
Unidos aos camponeses
Reafirmando a luta
Como se fossem ingleses.
Trabalhadores uni-vos
Os que estão imigrantes
Sem registro em carteiras
No mundo são uns andantes
Os que trabalham efetivos
Lutando estão confiantes.
Oito horas de trabalho
Oito de lazer, estudo.
São mais oito para o sono
Porque o descanso é tudo
Não é sonho essa jornada
Quero grande e não miúdo.
Ao longo de nossas lutas
Companheiros sucumbiram
Já tivemos muitas baixas
Muitos colegas partiram
Homenagear a todos
Pra luta que garantiram.
O Capitalismo em crise
Vai sugar do operário
Construir Socialismo
Não caia no imaginário
Construa esse caminho
Para um mundo igualitário.
A marca do movimento
Para a mobilização
É denunciar ataques
Os cortes, a demissão
Bandeira socialista
Virá com revolução.
É o Primeiro de Maio
Que em todo o planeta
Trabalhadores unidos
Escreve com sua caneta
E com a tinta da luta
Derruba patrão e treta.
O Vladimir Maiakovski
Falou “sou um camponês;
Sou operário, sou ferro,
O mês de Maio é o mês”
É dia de luto e luta
Nossa voz e nossa vez.
Todos “unidos, façamos”
E “nesta luta final”
Em “uma terra sem amos”
“A internacional” *
Que esse hino operário
Cantemos como um jogral.
Nesse belo mês de Maio
A chama da luta é forte
Não aceitamos a morte
Diante dessa não caio
Operário nem que o raio
Parta rachando a cabeça
O burguês que se esqueça
E saiba que a vitória
Trará mudança à história
Até que opressor emudeça.
Notas:
* Estrofe da “A Internacional” hino dos trabalhadores do mundo inteiro.
- Letra do Operário poeta francês – Eugene Pottier (1816-1887) e música do operário belga Pierre Degeyter (1848-1932).
POA – Porta Alegre – capital do Rio Grande do Sul.
Capa – Arte de cartaz em comemoração ao 1º de Maio no início do século XX.
Arte finalizador – Vinícius Soares
FICHA TÉCNICA
NOME – 1º DE MAIO DIA INTERNACIONAL DE LUTA DOS TRABALHADORES
TEMA – Classe Trabalhadora
AUTOR – Nando Poeta
LOCAL – São Paulo – DATA – Abril de 2009
ESTROFES – 48 de seis versos (sextilhas)
ESQUEMA DE RIMAS – x a x a x a
OBSERVAÇÃO – As letras repetidas (a) indicam os versos que rimam entre si; indicam-se com o X os versos que não rimam com nenhum outro.
FINAL – Estrofe em acróstico NANDOPOETA em décima de sete sílabas.
Prezado Nando Poeta,
ResponderExcluircompanheiro idealista,
eu também procuro estar
radical na mesma pista;
ao lado do operários
combatendo os sicários
do mundo capitalista.
Toda mazela existente
vem desse modo infiel,
desemprego, roubalheira,
violência, a mais cruel,
limites da liberdade
e tanta desigualdade
que nós vemos a granel.
No modo capitalista
da produção desmedida,
por demais, já está claro
que não existe saída,
a solução desse abismo
está no socialismo
por nossa luta renhida.
E o Primeiro de Maio
que se aproxima de nós,
é o momento preciso
de levantarmos a voz,
de com os trabalhadores
resgatarmos os valores
que tombaram ante o algoz.
Que seja educado o povo
para poder libertar-se;
que seja mostrada a história
para conscientizar-se,
e assim nessa trincheira
possa erguer a bandeira
da grande luta de classe.
Dois poetas consagrados
ResponderExcluirQue o Brasil tanto estima
Defende os trabalhadores
Em verso e rima
Deixando a classe orgulhosa
Com o astral lá em cima