domingo, 18 de dezembro de 2011

Cordel: Doutor Sócrates, um jogador pensador

Por Nando Poeta




Na vida do futebol
Têm drible, muitas jogadas.
É a arte em movimento
Pessoas apaixonadas.
Que deixam suas torcidas
Por demais emocionadas.

São craques que com a bola
Num campo de futebol.
Encenam lindas jogadas
Driblando dando lençol
E pra delírio do povo
Que encontra o seu farol.

Eu vou falar de um gênio
Que dentro e fora do campo,
Brilhou, foi estrela guia
No gramado um pirilampo
E nas suas grandes partidas
Do gol tirava o tampo.

Nosso Sócrates Brasileiro
Na escola, no esporte,
Formado em medicina,
Na bola batendo forte
E no Bota em Ribeirão
Preto encontrou seu norte.

Chegando para o Corinthians
Foi o ídolo da torcida.
Com o manto alvinegro
A sua maior guarida.
Um dos maiores atletas
De toda história vivida.

Dentro do Parque São Jorge
Forjou uma tabelinha.
O doutor faz parceria
Com o brilhante Palhinha.
Uma dupla especial
Sucesso dentro da linha.

O Brasil vivia a época
Do fim de uma ditadura.
E o gol do povo se torna
Um clamor pela abertura
Que outro país florisse
No enterro da tortura.

Em toda a sociedade
Um fervor contagiante.
Querendo fazer mudanças
Deixando mais confiante.
Pra que tudo no Brasil
Pudesse seguir avante.

Seu tino pra consciência
Foi ver os livros do pai.
Durante a ditadura
No fogo queimando cai.
Foi o seu primeiro choque
Que na política abstrai.

E foi nas Diretas Já
Que Sócrates fez seu golaço.
Se engajando nessa luta
E ao povo dar seu abraço.
Querendo a democracia
Reinando aqui nesse espaço.

Vale do Anhangabaú (1984)
Presente uma multidão.
O doutor em um comício
Sobre a emenda da eleição.
Diz: que fica no país
Se tiver aprovação.

E na luta social
Vai logo influenciando.
Lá dentro das quatro linhas
Um pensamento plantando.
O direito a liberdade
No gramado germinando.

Instala a democracia
Chamada Corinthiana
Que os atletas decidem
De forma mais soberana
Da qual o Doutor, se torna
O lider da caravana.

Uma visão coletiva
Presente o companheirismo.
Todos com a voz igual
Imperando o dinamismo.
No Parque São Jorge brota
Um imenso vanguardismo.

O Corinthians fervilhava
A democracia dá salto.
O voto dentro do clube
Se ergue ao plano mais alto
E todos pensavam assim:
A liberdade eu exalto.

A imprensa batizou
Que era uma panelinha.
Quatro membros envolvidos
De uma mesma cozinha.
Excesso de liberdade
A ordem fora da linha.

Mas o movimento vivo
Se implanta a cada dia.
Envolvendo todo mundo
Fazendo a democracia
E o futebol no Brasil
Entrava em sintonia.

Doutor Sócrates, Magrão
Era meia ou atacante.
Com o Calcanhar de Ouro
O passe passa brilhante.
E o gol brotava na rede
Com alegria vibrante.

No campo ele desfilava
Com sua nobre elegância.
Um toque bem refinado
Na bola com exuberância.
O gol no fundo da rede
De perto ou à distância.

O Sócrates foi um doutor
Da bola e da medicina.
Seus toques, passes precisos
Seus dribles que coisa fina
E lhe ver dentro do campo
Beleza que nos fascina.

Jogando um futebol arte
Usando seu calcanhar.
O passe era de primeira
Jogada espetacular,
A torcida delirando
Se pondo toda a vibrar.

Corre com a bola no pé
No juízo e pensamento.
Pronto para mais um lance
Pra quem diz que ele é lento.
A pelota vai ligeira
O gol surge no momento.

Um drible, um toque sutil
A bola vence o goleiro.
Era mais um gol de craque
Do Magrão, o artilheiro
Erguia o punho cerrado
Como faz um bom guerreiro.

Jogando dentro de campo
De cabeça sempre erguida.
Tocando a bola com classe
Arrasando na partida.
Derrotado ou vencendo
Procura sempre a saída.

Um magro desengonçado
De uma grande habilidade.
Tinha um domínio da bola
De muita vitalidade.
Enxergava o jogo inteiro
Na cara do gol invade.

Um dos seus passes famosos
Era o calcanhar de ouro.
Uma jogada de craque
Que valia um tesouro.
Quando o gol acontecia
A torcida dava um estouro.

Lembrava que sempre em campo
Tem que ter dedicação.
Está entusiasmado
Ter foco, ter direção.
Compreender que uma equipe
É fruto de uma união.

Quando Sócrates foi jogar
Com a camisa canarinho
Foi o Capitão da Copa
E Telê comanda o ninho.
Timaço de oitenta e dois (1982)
Recebe todo carinho.

Fez tabela com o Zico
Falcão, Cerezo e Oscar
Leandro, Luizinho, Junior,
Serginho, Eder, a atacar
Atrás tinha Waldir Peres
No gol disposto a fechar.

Nessa copa a Seleção
Na Itália esbarrou.
Foi enorme a frustração
O sonho do Tetra acabou
E o gosto dessa derrota
Todo mundo experimentou.

Depois veio oitenta e seis (Copa de 86)
Chegam às quartas-de-final.
O Doutor perdeu um pênalti
Guadalajara o local.
Foi à França que parou
A seleção genial.

Vestiu a camisa ainda
Do time da Florentina.
Quando volta ao Brasil
Com Mengão ele se afina
E no Santos de Pelé
Faz passagem repentina.

Na Europa, na Itália
Nove gols mais na carreira.
Numa breve atuação
Sua volta foi ligeira.
Para jogar no Brasil
E no Rio fazer trincheira.

No Flamengo vinte jogos
Fez uma dupla com Zico.
Amigo de Seleção
De um futebol tão rico.
Mas pelo time da Gávea
Não chegou ao alto pico.

Quando era um garoto
Do Peixe foi torcedor.
No Clube do Rei Pelé
Chegou a ser jogador.
Foi só por vinte e três jogos
Foi tão rápido esse sabor.

Saiiu do Santos em busca
De achar outra morada.
Ainda muito disposto
Quis seguir a caminhada.
Com seu futebol brilhante
Quer mais uma temporada.

Na carreira de um atleta
Tem momento de má fase.
Existem altos e baixos
Que abala qualquer base.
E o Sócrates teve a dele
Que deixa a carreira quase.

De volta a Ribeirão Preto
No time que começou,
O tricolor Botafoguense
Onde amizade plantou.
Com grande amor e carinho
Sua carreira encerrou.

Quando pendura a chuteira
Foi Técnico, articulista.
Do mundo do futebol
Também foi comentarista.
Na música e no teatro
No cinema foi artista.

Doente soltando a voz
Faz uma critica afiada.
Fala dos gastos com a Copa
Da grana que é desviada.
De um futebol de força
Que a arte é abandonada.

A sua irreverência
Foi marca por toda vida.
Dentro de campo e lá fora
Suas ideias dão partida.
Fazendo surgir no futebol
Respeito para quem lida.

No ano dois mil e onze
Com a saúde abalada.
Teve três internações
A última o fim da jornada.
O álcool foi um gol contra
Pra vida ser acabada.

As suas belas jogadas
Marcarão cada memória.
O jogador pensador
É parte de nossa história.
E o craque Doutor Sócrates
Para o futebol foi glória.

Fazemos nossa homenagem
Para Sócrates, o Magrão.
Um jogador de talento
Da Seleção, Capitão.
Mentor da democracia
Nas fileiras do Timão.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Nas comemorações do 3º ano da Caravana do Cordel, o movimento cordeliano se afirma na cidade de São Paulo.
Foi um sucesso o evento realizado no último dia 10 de dezembro no Memorial da América Latina.
Foi um coroamento de todo um trabalho do cordel nesse ano que termina. A presença de dezenas de pessoas foi à maior demonstração de que a Caravana do Cordel é um movimento artístico que surge e se sustenta pelo apoio das pessoas que se identificam com essa arte.
Para esse ano temos o desafio de continuar com a Caravana do Cordel sempre mais próximo das pessoas, como diz a canção de Milton Nascimento, “todo artista tem que estar onde o povo está,”, pois foram essas pessoas nos seus locais de trabalho, estudo e moradia que deram sustentação ao cordel em toda Sampa.
Viva o Movimento Caravana do Cordel.
Obrigado pela presença de todos.
Um forte abraço cordeliano.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011




No crime de Belo Monte
Lula puxou o gatilho
Do Xingu tira seu brilho
Veneno joga na fonte
Ofuscando o horizonte.
Um presente para empresa
Que mata a natureza
E povos dessa floresta
Pancada leva na testa
Bioma não tem defesa.

Não bastasse o São Francisco
Com sua transposição.
Exercito de arma em mão
Impondo a força o confisco
O rio caindo em risco
E vida de pescadores
Sem peixe, água, e com dores
Florestas sendo alugadas
Por gringos são devastadas
Os seus fies predadores.

Os índios do rio Xingu
Perderão pesca e a caça
Vão jogados à desgraça.
Não come mais o pitu
Também não tem o tatu
Ficando sem o alimento
É pleno seu sofrimento.
Moradores da floresta
Que não cala, mas contesta
Tem força seu argumento.

Se construir a usina
O rio vai perder vazão
Ribeirinho fica na mão
A tribo de índio afina
É fim d’água cristalina
O peixe nada pra a morte
Fauna, flora sofre corte
E o nosso pulmão do mundo
Sumirá em um segundo
E a mata fica sem norte.

A força de um leilão
Governo é truculento
Fazendo engajamento
Com a classe do patrão
Fez conchavo e união
Mas sempre Lula dizia
"Que isso nunca faria".
Apertando foi o IBAMA
Desse órgão fez a cama
Investe em Norte Energia.

Consórcio que é vencedor
Arrebata no pregão
Promete fim do apagão
Com governo torcedor
Dele é financiador
Passou por cima de lei
Atua só com sua grei
Aniquila o rio Xingu
Diz que tudo é um tabu
Impondo como um rei.

No Estado do Pará
Terceira maior do mundo
Deixando rio moribundo
O Belo Monte até lá
Lucrar vai ser bê-á-bá
Enriquecendo os patrões
Empapando seus bilhões
E na mata o habitante
Tenta fazer o levante
Vão quebrando seus grilhões.

A construção da usina
Sabemos do resultado
Ave, planta, índio afogado
De Tucurui, Balbina
Cidades caem na ruína
A índia Kaiapó Tuira
Em seu momento de ira
Com facão quase dá corte
Em chefe da Eletronorte
Na cidade de Altamira.

A luta já é antiga
Contra essa construção
Kararaô é contramão
E que obra é inimiga
Faz estrago e muita intriga
Usina de Belo Monte
Não é construir a ponte
Entre a mata e a cidade.
Ao contrário, é falsidade
Pra floresta é desmonte.