Foi com surpresa que li um artigo escrito pelo poeta Bob Motta, fazendo alguns comentários
críticos sobre
uma fala que
Varneci Nascimento (Editor da Luzeiro ), fez quando participou de recente
encontro na Casa
do Cordel . Até
ai tudo bem , todos temos direito
de opinar , porém
o senhor Bob Motta chegou ao ponto
de afirmar que
o pesquisador baiano ,
e não paulista
como Bob escreveu no seu longo artigo , falou uma série
de baboseiras .
Foi isso falado no parágrafo anterior que Varneci Nascimento expôs em
sua fala
onde ninguém
foi obrigado a ouvir ,
como afirmou Bob Motta. É inegável que alguns europeus
exerceram influência mínima ,
porém Leandro sistematizou e expandiu
escrevendo lindas histórias em sextilhas , jamais vistas em qualquer parte do mundo .
Os Martírios de Genoveva deixam os leitores
comovidos, pela magia
exposta na trama
da narração , magistralmente
ambientada na distante Alemanha. Vemos o
drama de Genoveva, frágil
vítima de uma terrível
e sinistra traição ,
que foi colocada em
prática pelo intendente Golo. O marido
da moça vai para
a guerra , então
recebe uma carta do servo ,
que denuncia uma suposta
traição de Genoveva. Encolerizado o conde Sigifroi entrega
o destino de Genoveva ao falso
empregado , através
duma imensa e enfurecida carta de resposta .
A pobre amarga
uma prisão injusta
por não
ceder aos apelos
afetivos do falso
e caluniador Golo. Ela chegou a ter um filho nos porões da cadeia ,
pois o seu esposo a havia deixado grávida. Uma mulher
que por
Genoveva tinha sido beneficiada, a visita secretamente
e recebe uma correspondência confidencial para ser
entregue a Sigifroi, quando este num
futuro distante ,
pudesse porventura retornar
da guerra . Neste meio
tempo os homens
encarregados de executar
Genoveva se compadecem e matam um cachorro felpudo ,
arracando-lhe os olhos para
enganar Golo, dizendo que
se tratava dos olhos da prisioneira . Genoveva promete viver
em pequena
mata e passa
a residir numa horrenda
caverna com
seu filhinho, o criando com providencial
leite , que
a mesma retirava de uma corça . O tempo passa , ela
sofre bastante , porém
a tal carta
um dia
será entregue ao seu
companheiro . Quando
o conde ler o
texto observa que
sua esposa
relata toda falsidade
e ainda lhe
pede perdão para
o implacável inimigo .
Neste momento o nobre
fica bastante deprimido, então resolve fazer grande caçada para se distrair um pouco . Sem saber vai para a tal floresta , onde sua
ex-esposa vivia solitariamente. Depressa
um cachorro
sai perseguindo estranha corça e chega à
caverna , encontrando Genoveva muito abatida , pelos sucessivos
anos de sofrimento. Inicialmente
ele pensa
que era
um espírito ,
pois imaginava que
a companheira estava morta . O casal
se reconcilia, ela volta
para casa e
recupera a antiga felicidade .
Golo fica apenas na masmorra
e não sofre a penalidade
de morte . O mais
interessante é que o conde passa a conservar um retrato , com a imagem da mulher ,
do seu querido
filho e da corça .
Eu quero que
os defensores do cordel
europeu nos
citem os grandes autore s d além
mar que
tenham produzido trabalhos tão maravilhosos
como este
que acabei de mencionar ,
está lançado o desafio .
E voltando ao artigo de Bob, o interessante foi ele
ter falado
se dirigindo aos poetas potiguares como
se fosse representante de uma opinião sagrada e os demais
colegas chegassem ao ponto
de execrar Varneci Nascimento publicamente, por ter coragem
de tirar as roupagens
das lendas e mitos ,
divulgados sobre o cordel
brasileiro . Mandou o rapaz
estudar como
se Varneci não fosse formado em história . Sempre que falo com este cordelista baiano , ele está escrevendo um
cordel ou
revisando outros , de autores das mais
distantes regiões
brasileiras. Para finalizar
parabeniso o poeta Abaeté por
ter feito a
Semana do Cordelista e ter
convidado Varneci Nascimento para levantar o debate
saudável e botar
nosso cordel
no devido lugar :
a estante do respeito
e conhecimento de causa ,
que nos
impede de divulgar baboseiras
lendárias como se fossem verdades absolutas.
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