EM DEFESA DO
CORDEL OU DE UM DOGMA DE FÉ
Sobre o
matutes de Bob Motta escrito em sua coluna no último dia 23 de novembro, fiquei
matutando.
O poeta fez
algumas considerações na discussão sobre as origens do cordel.
Todo seu
artigo faz a defesa implacável de um “Dogma de fé”
1) Que o cordel
veio da Península Ibérica;
2) Que veio
com os colonizadores;
3) Que o
cordel é folclore;
4) Que o
cordel era comercializado em cordões nas feiras.
Todas essas
afirmações ao longo do tempo foram cristalizadas como verdades absolutas.
A verdadeira
origem do cordel é essa e pronto.
Não se pode apontar outro rumo.
E ai de quem
se atreva em mostrar outro caminho.
Será proibido
questionar esses pilares impostos como uma verdade absoluta? Discordar dessas
certezas não será um direito legítimo? Ou para quem discorda daqueles que
impuseram essas afirmações, merecem serem achincalhados?
Como o poeta
Bob Motta fez:
Acusando de
baboseiras e aberrações o que o poeta Varneci Nascimento apresentou no debate.
Afirmando que o “papa do cordel” deveria tomar
umas aulas.
Que
deselegante.
Meu caro Bob
Motta esse debate que se vem realizando em todo Brasil é legítimo, e busca
colocar o cordel no centro das atenções, e que não foi a primeira vez que
estamos discutindo aqui em Natal.
Já existiram
vários momentos nesses últimos dois anos que temos travado esse debate.
Infelizmente foi sua primeira participação.
E fique
sabendo que os poetas não ficaram calados, já fizemos fortes debates sobre esse
conteúdo.
Agora tudo
isso que você, Bob Motta, externou em sua coluna poderia ter colocado nos
vários momentos de debate proporcionado na I Semana do Cordelista, mas não o
fez, ao contrário, se ausentou do debate no momento que acontecia entre os
poetas.
Não acusem os
poetas de estarem ouvindo as baboseiras em silêncio.
Você não pode só está escrevendo no matuteis,
teria que agir como um verdadeiro matuto. Falar as coisas na bucha.
Essa postura
sua ficou longe.
Ao contrário
do que você falou na sua coluna, esse debate vem para quebrar o dogma de fé,
que sempre foi propalado como única verdade.
A sua coluna
pode ser uma trincheira muito importante na propagação desse gênero literário.
Como por
exemplo, dela ter divulgado a realização da I Semana do Cordelista.
Você poderia
estar discutindo em sua coluna, por que o poder público não ajudou na
realização desse evento?
Acho que isso
ajudaria.
Agora ficar só de torcedor, não é uma postura
que contribua.
Entre no jogo,
venha para o debate.
Abra sua
coluna para que as diversas opiniões tenham o direito de se expressarem. O
desafio está feito.
Vamos
estimular a realização de ciclos de palestras sobre o cordel entre os poetas e
interessados para que possamos todos estudar juntos as teses apresentadas por
todas as vertentes.
Isso ajudaria
e muito na nossa formação.
“Vamos ficar
alerta e não aceitarmos como Dogma de fé”, o que foi estabelecido há séculos
como verdade sobre a história do cordel.
Quanto a
mandar o poeta Varneci Nascimento estudar, você deveria ter mais respeito pela
história dos outros, pois ele é um menino que se formou em História na
Universidade Estadual da Paraíba, portanto não é um a toa como sugere o seu
texto.
Chamá-lo ironicamente de “papa da literatura
de cordel” e dizer que ele falou “aberrações” é no mínimo deselegante, com quem
se mostrou tão amigo e simpático com todos os poetas de Natal e foi querido e
respeitado por todos, basta olhar as postagens que os natalenses fizeram a
respeito da passagem dele por aqui.
Nando Poeta
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