Por Aderaldo Luciano
Há tempos o Cordel Brasileiro está necessitando de um encontro
nacional que possa determinar os rumos da arte no Brasil. Uma prévia desse
encontro pode-se testemunhar em Natal durante os dias 16 a 19 de novembro. A
coragem e a abnegação dos organizadores foram suficientes para realizar uma
festa literária com recursos oriundos de pessoas e entidades apologistas e
engajadas nas lides culturais brasileiras.
Saindo de Pitangui, do aconchego e do abraço de Seu Manoel,
rumei para Natal
no dia 16 para, com José Acaci e Marciano Medeiros, poetas e empreendedores
culturais, abrir o Círculo Natalense de Cordel. O tema O Cordel e a Literatura
Brasileira serviu-nos de inspiração e provocação. Inspiração para reunir nossa
experiência e provocação para extrair dessa mesma experiência nossa mais
incômoda situação.
Sair da zona de conforto, como
dizem, é deixar-se invadir pela dúvida e questionar os caminhos trilhados.
Naquela noite, pude pensar e repensar os conceitos poéticos aplicados ao
cordel, oriundos da construção de uma Teoria Geral do Cordel Brasileiro que
tento, da maneira mais acirrada, elaborar. Os colegas de trilha e os amigos de
vida ofertaram-me muita compreensão e tolerância. Pude olhar seus rostos e suas
aflições no decorrer de minha fala em uma das salas da Pinacoteca Potiguar,
antiga sede do governo estadual do Rio Grande do Norte.
Evoluí do radicalismo ao
sectarismo, no que diz respeito aos estudos e sua aplicação ao caldeirão
poético do cordel. Despi minha alma na busca de ser compreendido. Observei que
é de extrema necessidade a construção coletiva do caminho. Aquele dia 16 de
novembro de 2016 foi o combustível do qual eu precisava no entendimento da
necessidade vital, para nós e para o cordel, de um encontro nacional, urgente,
para estabelecer a senda dos próximos 20 anos de cordel.
O Círculo Natalense de Cordel consolidou-se no ponto
de partida do diálogo e da luta conjunta. Todas as mesas, todos os debates,
foram a marca do congraçamento. Todos sabemos das dificuldades pelas quais
passamos: nossas vaidades, nossas mágoas, nossos anseios, nossas buscas
pessoais, isso tudo, tem nos afastado e nos levado por caminhos antagônicos. O
Círculo nos provou que é possível o caminho uníssono, mesmo que em raias
diferentes. A chegada é a mesma! Acredito!
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