sábado, 21 de julho de 2012
Antônio Aurélio de Moraes
O poeta das Alagoas
Era julho. Para ser mais preciso, 05 de Julho de 2012, às 15h30, cheguei a Atalaia – Al, acompanhado pelo senhor Nivaldino Freitas, um jovem atento a política brasileira e entusiasmado com o forró pé de serra e folguedos alagoanos – foi esse cidadão que gentilmente, após várias “buscas” encontrou o endereço do poeta maior de Alagoas – Antônio Aurélio de Moraes – o nosso Tio Tonho!
A porta entreaberta permitia a entrada dos raios de luz de um sol muito acanhado e uma névoa úmida acompanhada de uma brisa contida, tímida, melancólica. Ele, o Tio Tonho, estava ali, imóvel. Sentado na boca da porta, numa poltrona que o aconchegava como se já fosse a continuidade do seu corpo; Ele – Tio Tonho – foi interrompido pela minha voz cheia de contentamento:
— Antônio Aurélio de Moraes! O poeta mais poeta dos poetas de Alagoas!
Sem muita festa, eu ouvi um resumidíssimo “Olá... Quem é?”. Fui alertado pela sua sobrinha Lívia: Ele, o Tio Tonho, “enxerga muito pouco”.
Adentrei a saleta, agora sem muita alegria. A história de sua vida foi revisitada. No início, narrada com muita tristeza, com personagens que chegam sem ninguém chamar e teimam insistentemente anular os sonhos das pessoas: diabetes, glaucoma, memória “fraca” e a fragilidade da coluna vertebral – daí a dificuldade de andar ou ficar de pé.
Aquele poeta que conheci em 1979, na Rua Formosa, na Levada (bairro de Maceió/próxima a antiga Feira do Passarinho), pomposo, menestrel, gracioso, cuidadoso no discurso e alegre, conhecido nos meios acadêmicos como Tio Tonho, por conta dos seus versos impressos no livro “Versos de um Lambe-sola”, estava ali, na minha frente.
Rememoramos as suas poesias – “Salaro Mimo”, “Talavizão”, “AID e a Camisinha”, “Ovo de Codorna”, “Vou morá na lua” e as palestras e recitais do poeta em tantos espaços culturais da nossa querida Maceió. Que instante fantástico! Não me esqueci de contá-lhe que os seus versos abriram tantas portas para mim, caminho para as minhas pesquisas, estudos, palestras e oficinas para educadores e alunos aqui em São Paulo, daí minha eterna gratidão.
Sou grato, Tio Tonho! Muita paz, muita saúde! Que Deus o proteja! Obrigado!
João Gomes de Sá, cordelista.
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